terça-feira, 16 de agosto de 2011

Não permita que o stress detone seus nervos.

Mais do que deixá-la à beira de um ataque, ele altera a produção de hormônios. Você come, fica calminha e... aumenta suas chances de engordar. Não se desespere! Administrar a tensão ajuda a manter as células de gordura sob controle

Você não ouviu o despertador, o pneu do carro furou, chegou atrasado ao trabalho e ainda aguentou um festival de cobranças de sua mãe... Você precisa muito de um “estímulo” para chegar ao fim do dia. Talvez um sundae duplo. Uma porção gigante de batatas fritas. Ou serve aquele pacote de bolacha esquecido há um mês na gaveta da sua escrivaninha...

Quem já passou por isso sabe como o stress pode ter um efeito explosivo sobre a boa forma. Numa pesquisa feita pela American Psychological Association, 43% das 1 800 pessoas entrevistadas admitiram que haviam comido demais ou preferido alimentos calóricos em resposta ao stress do dia a dia.

Não se trata apenas de ansiedade ou compulsão. Os especialistas explicam que os hormônios produzidos sob efeito do stress podem arruinar seus esforços para manter a linha. Conhecendo os mecanismos biológicos que ameaçam suas curvas, você certamente ficará mais relaxado, e a cintura do seu jeans também!

O stress já é tão popular quanto um cafezinho. Calcula-se que 70% dos brasileiros economicamente ativos estão estressados. Perdemos anos, décadas de vida correndo no trânsito, atropelando as atividades, não ouvindo as pessoas, não olhando as coisas, não escutando ninguém. Mas stress não se limita à correria diária. O termo designa as mudanças que acontecem no corpo quando a pessoa está diante de uma situação ameaçadora, que exige resposta imediata. Não importa se você precisa atravessar correndo o saguão do aeroporto para não perder o avião ou se está preocupada com a menstruação que não veio. Seu cérebro reage da maneira que sabe: estimula a glândula suprarrenal a produzir hormônios.

Hormônio do stress
O cortisol está por trás da necessidade de comer dúzias de petit gateau depois de passado o sufoco. Ele desperta a fome porque interfere nas substâncias produzidas no organismo para controlar o apetite (grelina) e a saciedade (leptina). Graças ao cortisol, seu cérebro pode encontrar mais prazer nos doces. Assim, escolher uma barra de chocolate em vez de vegetais no vapor depois de ficar mais de 1 hora presa no trânsito talvez não seja apenas uma questão de força de vontade — ou melhor, da falta dela. O cortisol “pede” fontes de energia rapidamente disponíveis. Daí você tende a preferir pratos de macarrão, barras de chocolate, potes de sorvetes e guloseimas repletas de gorduras e carboidratos, calorias prontas para consumo rápido. Não é de estranhar, então, que esses alimentos procurados em momentos de crise adquiriram o status de comida-que-conforta.

O problema é que, quando o stress decorre de agendas sobrecarregadas e dívidas no cartão de crédito, nossa silhueta corre risco. É o mecanismo engenhoso do cortisol no organismo que favorece o ganho de peso. Ele provoca o acúmulo de gordura do tipo mais perigoso, a que se concentra na barriga, entre as vísceras, aumentando o risco de hipertensão, diabetes, infartos e derrames.

O objetivo é assegurar uma fonte de energia em caso de necessidade. Afinal, a gordura abdominal tem mais receptores para esse hormônio e maior suprimento de sangue, então o cortisol viaja até lá sem demora.

O stress ainda pode sabotar sua dieta por outras vias. “Quanto mais você tenta restringir suas calorias, mais está sujeita a ganhar peso”, diz o neurocientista Cliff Roberts, da London South Bank University, na Grã-Bretanha, depois de estudar 71 estudantes de enfermagem. Durante o período letivo, 40 mulheres ganharam em média 2,5 quilos. As que engordaram faziam dieta regularmente, com grandes restrições, e tinham níveis mais altos de cortisol. Roberts supõe que o stress de tentar manter o peso mais as exigências acadêmicas criaram um círculo vicioso: a tensão aumentava a fome, elas comiam, ganhavam peso e ficavam mais estressadas, o que as levava a comer mais. Você já deve ter visto esse filme...

Mas há indícios de que o hormônio prejudica seu peso mesmo se você não comer além da conta. “Ele aumenta a capacidade das células gordurosas [favorece maior depósito de gordura] e ainda inibe a queima da que estava armazenada. Como se não bastasse, retarda a produção de testosterona. A falta favorece a perda de massa muscular, outro perigo para quem quer manter a forma, pois os músculos são os maiores consumidores de calorias. Dá pra imaginar vilão pior?

A boa notícia é que relaxar emagrece. Numa pesquisa da Universidade Otago, na Nova Zelândia, 225 mulheres foram divididas em três grupos e acompanhadas por dois anos. As que controlaram o peso foram as que seguiram um programa com técnicas de relaxamento e treinamento para evitar o stress, exercícios e orientação nutricional.

Combustão interna

Como você lida com o stress de dentro para fora

NUMA FRAÇÃO DE SEGUNDO
Seu cérebro sinaliza para a glândula adrenal, localizada acima dos rins, a produzir adrenalina. Na mesma hora, o cérebro começa a liberar cortisol, o hormônio do stress.

EM SEGUNDOS
A glândula adrenal continua a bombar adrenalina para que você tenha energia para lutar ou dar no pé. Seu coração acelera, a pressão sobe, o nível de açúcar no sangue aumenta e você fi ca superligada.

EM 10 MINUTOS
Quando o stress passa, a produção de adrenalina diminui, mas você continua a bombar cortisol.

EM HORAS
A ameaça passou, mas seu corpo continua a se recuperar dos efeitos do stress. Todo o cortisol produzido aumenta a produção de insulina; você percebe que está faminta.

Se você não faz nada
Para conter o stress constante, seu corpo entra nessa roda-viva todos os dias, levando a:

EM UMA SEMANA
O alto nível de cortisol se torna crônico e difi culta o trabalho da insulina de retirar o açúcar do sangue — o que pode levar a uma situação de pré-diabetes.

EM DUAS SEMANAS
O nível de testosterona começa a cair, você vai perder massa muscular, sentir-se cansada, deprimida e com a libido zerada. Seu sistema imunológico desacelera e você pode sentir-se dolorida e mal-humorada — o primeiro sinal verde para fazê-la comer mais ou escolher os alimentos errados.

EM SEIS SEMANAS
O ganho de peso é facilmente percebido, provavelmente na região abdominal, para onde o cortisol manda a gordura que será estocada.

Vença o stress...e mantenha a forma

FAÇA CINCO REFEIÇÕES MENORES POR DIA
Em vez de duas ou três fartas. Importante: a primeira antes das 10 horas. “Nada de pular o café da manhã”, recomenda a nutricionista funcional Patrícia Davidson, do Rio de Janeiro, consultora de WH.

PREFIRA OS CARBOIDRATOS COMPLEXOS
como cereais integrais, grãos, frutas e vegetais ricos em fibras solúveis, que ajudam a estabilizar o açúcar no sangue e mantêm mais constantes suas reservas de energia. Os carboidratos simples (em especial os doces), embora tragam sensação de saciedade, provocam flutuações nos índices de açúcar no sangue e decorrentes altos e baixos na sua energia.

NA MESA NÃO PODEM FALTAR
nozes, amêndoas e castanhas: contêm antioxidantes como a vitamina E, que defende o coração contra os danos do stress.

EM HORAS
A ameaça passou, mas seu corpo continua a se recuperar dos efeitos do stress. Todo o cortisol produzido aumenta a produção de insulina; você percebe que está faminta.

• Abacate Fonte de gordura saudável, que ajuda a matar a fome e estabiliza a pressão arterial.

• Laranja Traz vitamina C, que ajuda a vencer o cansaço e a agitação.

• Banana Fornece o aminoácido triptofano (precursor da serotonina). É mais saudável para levantar o astral do que entrar de cabeça nos doces.

• Arroz integral Ótima fonte de triptofano, que tem efeito calmante.

• Aveia Já foi apelidada de “alimento dos nervos”, possivelmente por fornecer doses generosas de fibras solúveis.

• Salmão, sardinha Ricos em ácidos graxos ômega 3, que protegem o corpo contra as consequências dos picos de cortisol.

• Iogurte desnatado Suas doses de cálcio e vitaminas do complexo B reduzem a tensão muscular e combatem a fadiga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário